Há quem passe pela vida encarando seus dilemas de modo tão assustadoramente simples que um mortal falível, como eu, precisa render-se ao seu mise en scène. Não deve ser fácil atingir o estágio da "descomplexidade", e, portanto, da certeza absoluta, já que isso implica debochar da humildade socrática da aceitação de que "só se sabe que nada se sabe". Imagino os estágios de purificação por que devem passar os semideuses da sociedade moderna, para, na discordância do ato alheio, atribuírem a si o direito ao arbítrio das consciências também alheias.
Eu, que me sinto mais normal que gentes assim -- vejam, então, como radicalizo a visão da sua esquizofrenia --, dou-me o direito de discordar de algumas coisas e justificá-las com a razão. A subjetividade de certos comportamentos, quando não avalizadas por quem dê legitimidade para as interpretações "corretas", leva-me a crer que ninguém deve exigir para si o dom sentencial das reações que delas derivarem.
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