quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Transe

Daqui a muitos dias, muitos, muitos dias,
talvez eu descubra quem me procurou naquele sonho.
Hoje, eu só quero pensar que fui eu mesmo.
Só hoje!
Eu vim, puxei-me pela própria mão e saí voando!
Éramos apenas os dois: eu e eu mesmo, olhando para o mundo, ali,
ali, tão lá embaixo!
Nem me ocorreu que estivéramos sem capa!
(como pode um super homem voar sem capa?)

Na volta ao mundo, que fizemos no espaço de um sonho,
parei sobre um edifício de cor escura,
espelhado, imponente, exalando uma formalidade descabida
para um sentimento que habita lá embaixo.
Alguém, ali, não combina com isso, pensei!
Tentei pousar, mas a mão que me segurava estancou,
frustrou as intenções inocentes,
tão inocentes quanto a visão que tive.
Vi-me tentando libertar-me de mim mesmo,
esmurrei-me, gritei tão alto que acordei.

Na conta dos transes desfeitos,
somo esse.
Tudo se esfacela quando parece que descobrimos um porto bom!
Tudo se perde e se reverte em mágoas,
quando não há mais o que fazer, porque não é permitido
ou porque não se deseja suficientemente.

Em mim, há rios subterrâneos prontos para revelarem-se.
Suponho que eles se mostrarão,
de forma inesperada e potente,
quando o próximo sonho calhar de me levar
para lá,
para sobre o mesmo porto que esconde a outra metade de mim.

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