(*) parte escrita em 10/9/2010, mesclada com outra, de 16/9/2010. A compilação foi dirigida "ao vento", há menos de uma semana. Segue para ele, novamente.
Essa noite passou estranha, quero dizer, foi como tantas que tenho, quase todos os dias. O misto de sono com adrenalina, sabem?, que faz a gente parecer um zumbi, ora crendo que dorme, ora arregalando os olhos. Minha sorte é que já nem sinto mais, é fato, os dias passam como transe, sonolentos, e eu ali, firme: “o cara está com o pique todo”...
O relógio apitou lá pelas cinco e quinze. Depois da rotina matinal, peguei o mesmo trânsito, antes das seis, e cheguei, pontualmente e solitariamente, com o sol ainda amarelando o horizonte. Depois, a rotina básica do gabinete, por minha conta e gosto: abro as portas, acendo as luzes, ligo a máquina de café para a Maria e sento diante do “poderoso” Lenovo, com plaquinha de patrimônio exigindo o tempo todo: "não me leve daqui"! Claro que não!
Maria acaba de entrar com o sorriso congelado e sincero, como de costume: “bom dia!”. Bom dia, Maria! Nossa, Maria, hoje eu esqueci da máquina de café! “Tem problema não”!
Estou a dois dias de uma sabatina que me corrói por dentro! Tenho tanta coisa para estudar e não dou conta! Odeio esse sistema que ainda nos obriga a decorar informações quando, no dia-a-dia, tudo está ao alcance de uma “googlada”! Não basta assimilar o pensamento complexo, seja lá de quem? “Não, senhor! É preciso tê-lo na ponta da língua, para que o use com ar professoral, pois o curso é uma licenciatura”! E daí? Não quero ser professor! “Ordens da casa, senhor”!
Paciência!
Sinto-me um velho! A maior das tristezas do meu "eu" ancião é essa: minha memória é absurdamente seletiva! Não é porque eu quero e parte do motivo de ser assim, indiretamente, é porque sou refém das necessidades multitarefas do novo mundo, que se constrange com a "univalência" do pensamento, com a concentração de esforços para uma tarefa em favor da sua excelência.
O Google retirou da minha rotina a Encyclopedia Britannica, a Delta-Larousse, a Barsa (lembram-se da Barsa?)! Por outro lado, sou bom em encontrar a informação onde ela estiver, com precisão e rapidez. Sei fazer relacionamentos onde eles cabem e separar idéias distintas para que não se combinem em silogismos monstruosos. Sei e erro, muitas vezes, mas preciso dizer, por justiça, que erro menos menos hoje que ontem! Se, pelo menos isso, não houvesse de positivo, quando a memória se vai, muitas coisas não valeriam a pena.
“Bah! Quanta besteira! O dia começou, cara”!
É, eu sei!
Nenhum comentário:
Postar um comentário