(*) Desovando mais uma velharia: em 2008, comecei um blog sobre relacionamentos familiares. Naquela época eu não era o Misantropo: Indigo, prazer!
Existe um ramo da modernidade em que eu sou muito bom e ele nem é a minha profissão. É gosto! Sinto prazer em reciclar os conhecimentos e a consequência é que os resultados das minhas intervenções, normalmente, são iguais, muitas vezes superiores aos dos que cobram para fazer a mesma coisa. Por causa disso, eu não tenho amigos, nem parentes. As pessoas que ainda arriscam a ligar para mim são "interessados":
-- Alô? Indigo? Tudo bem, cara? Quanto tempo! Saudade! Sabe o que é, mano?, eu tô com um probleminha, aqui...
Na semana que passou, fiquei horas -- horas mesmo! -- emitindo instruções para uma pessoa da família na tentativa de evitar ir à sua casa para resolver problemas recorrentes. Não importa o quanto descasque os abacaxis, as gentes sempre dão um jeitinho de esculhambar o que já está bom.
Não deu certo. Precisei marcar uma "visita técnica" para hoje, sábado.
Ontem à noite eu e Red "viramos" padrinhos de casamento de uns amigos dela. Usei a educação que a vida me ensinou e desliguei o celular durante toda a cerimônia, esticando, pela madrugada adentro, na festinha que "rolou". Fui dormir perto das quatro horas para levantar agora há pouco, às onze e meia. Havia um recado para mim, de ontem, ainda: "Está tudo certo para amanhã? A que horas?". Liguei para o sacripanta.
-- Beleza, Indigo? É que você não me respondeu e agora eu tive que viajar. Volto amanhã. Meu filho vai estar em casa. Você se importa de ficar lá com ele?
Calafrios de chateação fizeram meu corpo tremer, todo! Primeiro, porque não sou dado a "furar" sem aviso prévio e, apesar de já ser hora do almoço, ainda é sábado, bolas! Deveria me sentir envergonhado por não corresponder às expectativas -- ou melhor, às pressões -- dos outros?
Depois, eu não gosto de ficar a sós com aquele adolescente em particular, porque, na verdade, eu corro o risco é de ficar só, de fato. O moço costuma receber a namorada na ausência dos pais e me obriga a estar ali "de vela" e testemunha de comportamentos que eu não aprovo para meus filhos nem para os filhos dos outros.
É uma merda sentir-se culpado por não conseguir agradar as pessoas, especialmente quando sou eu que me sinto "invadido" por elas!
Saber falar Não. Difícil, mas funciona.
ResponderExcluirHaha
Gostei do blog,
Abraço!
Valeu, Felipe: eu aprendi isso, justamente: agora, sou o cara do "não" para os terceiros. Ando desenvolvendo uma nova fase que pretende negar muito mais coisas!
ResponderExcluirObrigado, cara!