quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Dizer "amor", palavra proibida

-- Eu amo você!

Com que se parece uma declaração assim? Eu perguntaria, primeiro, de quem ela vem e para quem é dirigida. Acho que é preciso saber, principalmente, um pouco sobre a pessoa que dispara frases como essa, às vezes com aparência descontextualizada.

Por que devem existir contextos para declarar amor a uma pessoa? Porque, se não houver um motivo bom, suficiente, interpretações equivocadas são servidas como sobremesa! Não estou teorizando: é experiência própria!

Parte da minha vida, em família, foi um aprendizado sobre as manifestações do amor fraternal. Acho que ainda me lembro dos meus pais sussurarem em meu ouvido, à noite, eu meio em transe, quase dormindo: "amo você, meu filho"! Eu aprendi a ser assim! Eu exagero essa lição. Não há um dia em que eu não faça o mesmo com meus três filhos e minha esposa.

Surpresa! É, eu tenho uma família só minha, não disse antes? Sei que não! Mas isso é assunto para divagar sem pressa, porque há muito para ser dito.

Lembro-me, triste, de um episódio que aconteceu na minha infância: participava da catequese para a Primeira Comunhão e havia lá um colega que sempre puxava assunto comigo. Marco, era o nome dele. Bem, eu não era exatamente um garoto com quem os outros conversavam, então achei o Marco o melhor cara do mundo. Passei a gostar dele, naturalmente. Depois, perdemos contato.

No ano seguinte, para minha surpresa, acho que isso foi na quinta-série do primeiro grau (coisa que nem existe mais), descobri que o "amigo" Marco seria da minha turma. Fiquei tão feliz que o sufoquei: abracei-o, sentei-me ao seu lado e acho, até, que sapequei um "eu te amo" para demonstrar a minha felicidade de ver um rosto sensível no meio da minha selva particular.

Durou nem uma semana: um dia, Marco simplesmente havia se transferido para outra turma e sequer me conhecia mais! Que será que pensou ele de mim? Até hoje me envorgonha lembrar isso!

De vez em quando, encontro pessoas para quem gostaria de manifestar a enormidade do meu contentamento -- tão raro!. Eu o fiz recentemente para uma moça que, imagino, temos muito em comum. Quero dizer, tenho certeza disso. Infelizmente, meu mundo não é o ideal e as consequências do gesto tiveram o pior fim possível.

Estou condenado a amar, sempre, apenas as mesmas pessoas.

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