quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dark side

O filme não "queimou", nem foi um erro meu: há, sim, um significado por trás da escuridão. Desliguei o "flash"! Tente imaginar: o que havia nesse meu escuro? Deixe o pensamento fluir!

Mesmo na aparente disfunção podem residir significados. Às vezes, tudo é muito simples e eu mesmo tropeço nas verdades. Quem não o faz?

"Filosofia de vida", diria o professor José Eduardo: não é coisa decente para um pensador!

Teria razão o mestre, mas, nesse caso, por trás do meu enigma fotográfico estou eu, que ainda prefiro ser, apenas, uma lembrança imaterial: só existe um alguém capaz de relacionar essa foto a quem está por trás dela, mas essa pessoa é insensível demais para perceber uma coisa na outra.
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Do meu celular.

Moças do trabalho

Hoje comemoramos o aniversário de uma dessas aí.

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Do meu celular.

Em nome dos pais (*)

(*) O tal blog sobre relacionamentos familiares, que há mais de um ano deixei de lado, tem muitos elementos que anteciparam minha condição atual. Como já havia dito: meu estado de espírito, hoje, foi anunciado.

Red muda de um assunto para outro, dissimulando. Alguma coisa parece mesmo errada. Ela está nervosa e o encadeamento da conversa, quebrado. Até que...

-- Papai vai precisar fazer uma cirurgia.

-- ...!

-- Tem um tumor no intestino. Não sabem se é benigno ou maligno.

Eu sofri. Ah, sofri! Gosto muito do meu sogro. Às vezes me pego fazendo um esforço danado para vê-lo no lugar do meu pai, que já morreu. Eu o levo para todo o canto, sempre que posso. Tem promoção da Gol? Vamos! A Varig está com pechinchas? Ói nóis aqui! Então, posso dizer que não preciso de desculpas para afirmar que o pai de Red é meu muito "chegado". Estou triste, sim.

É que Red "morre" com isso! Tá bem, tá bem, isso agora pegou, mesmo! Mas... Ahn, e quando eu fico "mofando" em casa porque ela se devota, incondicionalmente, à causa dos parentes? E isso é tão recorrente...

Acho que vai acontecer um tempo em que precisarei "murchar" os egoísmos pelo bem comum. Só e
spero que amanhã, quando tudo estiver resolvido, ela se lembre do meu sacrifício e "resolva" me adotar como sua... causa perdida!

Segundas intenções (*)

(*) Desovando mais uma velharia: em 2008, comecei um blog sobre relacionamentos familiares. Naquela época eu não era o Misantropo: Indigo, prazer!


Existe um ramo da modernidade em que eu sou muito bom e ele nem é a minha profissão. É gosto! Sinto prazer em reciclar os conhecimentos e a consequência é que os resultados das minhas intervenções, normalmente, são iguais, muitas vezes superiores aos dos que cobram para fazer a mesma coisa. Por causa disso, eu não tenho amigos, nem parentes. As pessoas que ainda arriscam a ligar para mim são "interessados":

-- Alô? Indigo? Tudo bem, cara? Quanto tempo! Saudade! Sabe o que é, mano?, eu tô com um probleminha, aqui...

Na semana que passou, fiquei horas -- horas mesmo! -- emitindo instruções para uma pessoa da família na tentativa de evitar ir à sua casa para resolver problemas recorrentes. Não importa o quanto descasque os abacaxis, as gentes sempre dão um jeitinho de esculhambar o que já está bom. 

Não deu certo. Precisei marcar uma "visita técnica" para hoje, sábado. 

Ontem à noite eu e Red "viramos" padrinhos de casamento de uns amigos dela. Usei a educação que a vida me ensinou e desliguei o celular durante toda a cerimônia, esticando, pela madrugada adentro, na festinha que "rolou". Fui dormir perto das quatro horas para levantar agora há pouco, às onze e meia. Havia um recado para mim, de ontem, ainda: "Está tudo certo para amanhã? A que horas?". Liguei para o sacripanta.

-- Beleza, Indigo? É que você não me respondeu e agora eu tive que viajar. Volto amanhã. Meu filho vai estar em casa. Você se importa de ficar lá com ele?

Calafrios de chateação fizeram meu corpo tremer, todo! Primeiro, porque não sou dado a "furar" sem aviso prévio e, apesar de já ser hora do almoço, ainda é sábado, bolas! Deveria me sentir envergonhado por não corresponder às expectativas -- ou melhor, às pressões -- dos outros?

Depois, eu não gosto de ficar a sós com aquele adolescente em particular, porque, na verdade, eu corro o risco é de ficar só, de fato. O moço costuma receber a namorada na ausência dos pais e me obriga a estar ali "de vela" e testemunha de comportamentos que eu não aprovo para meus filhos nem para os filhos dos outros.

É uma merda sentir-se culpado por não conseguir agradar as pessoas, especialmente quando sou eu que me sinto "invadido" por elas!

Eles poderiam fazer greve de fome!

Alguém ficaria com "peninha"?

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Do meu celular.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Leitura: Alberto Caeiro

Diálogos truncados

-- Onde estão as chaves do meu carro que estavam aqui?
-- Não sei!
Tudo bem: procura-se! A casa tem mais de duas pessoas que podem ter bagunçado o ambiente, crianças entre elas: justificável.
-- Onde estão as chaves do seu carro?
-- Não sei!
-- Por que você não me disse, antes, que tinha compromisso?
-- Esqueci!
-- Por que não anotou na agenda que eu olho todo dia?
-- Esqueci!
-- Você trouxe as faturas que eu pedi?
-- Não!
-- Por que não consegui falar com você o dia inteiro?
-- A bateria do celular acabou!
-- Por que não carregou a bateria do celular?
-- Esqueci!
-- Por que a casa está tão suja?
-- A empregada não limpou!
-- Por que a empregada não limpou?
-- Não sei!
-- Você disse a ela o que precisa ser feito?
-- Não!
-- Alô, onde você está?
-- Dei uma passadinha na casa da mãe Joana!
-- Por que não me avisou?
-- Nem pensei!
-- Que horas eu passo para buscar você?
-- Na hora que você quiser!
-- Carreguei as pilhas! Onde está a máquina?
-- Não está com você?
-- Hoje é dia de pagar aquela sua conta!
-- Ah, é?
-- Vamos viajar?
-- Se você comprar as passagens, reservar o hotel, alugar o carro e apenas me levar para onde você tem que adivinhar que eu quero ir, vamos!
-- O que você quer fazer no fim de semana?
-- Não sei!
-- Vamos ao barzinho?
-- Não gosto!
-- Vamos ao teatro?
-- Não gosto!
-- Vamos ao clube?
-- Não gosto!
-- Vamos fazer uma trilha?
-- Não gosto!
-- Quer ir ao cinema com os meninos?
-- Talvez!
-- Vamos ao motel?
-- Tá doido?
-- Vamos pra puta que nos pariu?
(!!! mimimi!)

Viciados em Livros...

... é um nome de uma lista do Google Groups. Na prática, ali se "encontram" pessoas que amam livros e não se importam em distribuir suas cópias, seja lá como as adquiriram.

Normalmente, são oferecidos atalhos para que baixemos os ebooks (que podem ser revistas, manuais, apostilas, livros, quadrinhos...). É preciso não ter muitos pudores para participar, pois ninguém trata do assunto dos direitos autorais.

Aviso, de antemão, que, além de maravilhas da literatura, o lixo também está bem disponível, desde Paulo Coelho até alguns pornôs! O negócio é desarmar-se e, só então, pedir para ser aceito na comunidade (sim, é preciso ser "aprovado"!):

Viciados em Livros - Google Groups



O testamento (*)

(*) Mais um dos meus contos antigos. Pretendia ser um terror.


“Um, dois, três...” Começou, prudentemente, como quem espera encontrar um degrau falso no caminho. No portal, perto de onde as nuvens lançam carícias sobre a torre da construção, era onde o musgo parecia terminar. Úmido e escorregadio, grudado como pele no granito, fez o homem tropeçar mais de uma vez antes mesmo de contar vinte passos.

– Inferno! Bastava ser tarde! Onde esteve com o juízo, Simão, para aceitar vir aqui?

Mesmo o Tobias havia desdenhado da tarefa. “O maldito e ganancioso Tobias”, repetia entre os dentes, o advogado. “A intuição é conselheira, camarada! Não traço caminhos perpendiculares no rumo do dinheiro fácil”. O crápula parecia estar certo, mais uma vez!

Arquejou contra a elevação, roçando as pedras com a ponta dos dedos à procura do equilíbrio, carregando a mala de couro sintético puído nos cantos, arfando.

Quando o vento soprou mais forte contra seu corpo, trazendo o frio cortante que vem com a chuva gelada que parecia não demorar, deixou-se despencar sentado no degrau: “cento e quinze”!

Olhou sobre os ombros entrevendo, abatido, a fachada que se erguia à distancia de mais da metade do caminho.

– Se me levantar agora, farei meu próprio testamento!

O homem havia ligado pela manhã, mas a história não chegou primeiro à sua mesa. Aliás, ninguém parecia lembrar-se da sala à esquerda, no final do corredor, a menos que nenhum dos outros doutores da “Mendes & Associados” demonstrasse interesse pelo assunto. No começo, o homem alto e gordo digeriu razoavelmente a situação: era um novato, condição que herdou do Tobias. O contrato firmado com o dono do escritório, o senhor Adolfo Mendes, não exigia de si nenhuma cota de desempenho, mas era preciso sujar as mãos, de vez em quando. Além disso, ressentia-se do pouco dinheiro que tinha para comer, vestir-se e pagar o aluguel do quarto minúsculo, dividido com um gato, uma prateleira de livros de Direito e uma outra cheia das ficções de Perry Rodan – com que, aos trinta e poucos anos, ainda se divertia!

– Meu próprio testamento, é o que me espera!

Começava a temer que fosse representar um dos clichês de Hitchcock, num castelo cheio de portas rangentes e segredos perdidos dentro de cômodos trancados com a recomendação para que não fossem abertos. Talvez o trabalho que o esperava não tivesse relação com o testamento de um velho moribundo, ansioso para legar suas relíquias decadentes para um sobrinho distante ou um mordomo afetado. Não! Estava prestes a ser servido em retalhos temperados no molho do próprio sangue sobre a mesa de seres vampirescos, ávidos por sorvê-lo antes que perdesse o calor natural.

A ironia criada pela frustração da sua mente exausta, ligou em Simão alguns neurônios de autodefesa. Num súbito, entendeu que a escuridão começava a ser anunciada pelas últimas aparições do sol miúdo, através das nuvens agora carregadas e das copas das árvores que ladeiam a escadaria. “Uma verdadeira floresta”, admitiu o advogado. “Uma floresta povoada por pássaros de cantos risonhos e insetos saltitantes”.

Antes que pudesse reagir, as partes desprotegidas do enorme corpo de Simão foram tomadas por mosquitos, cujas picadas criaram protuberâncias instantâneas e doloridas. Quem sabe, eles estiveram ali desde o lapso em que desmoronou sobre os degraus e o fugaz delírio de há poucos momentos, mas, agora que os havia percebido, levantou-se a contragosto, espalmou contra os visitantes indesejados e ajeitou o paletó.

Olhou para baixo e depois para cima, duvidando que ambos os caminhos lhe reservassem as melhores opções. Não é que fosse um covarde. A dúvida era se conseguiria chegar ileso ao calor de uma lareira – se é que o anfitrião fosse dado a hábitos hospitaleiros – ou se a conveniência exigia atrasar o compromisso até o dia seguinte.

Pensou, então, na despensa vazia e nos comentários sarcásticos de que seria alvo no escritório e, como quem se conforma com o destino incômodo, aumentou o passo na direção do portal.

Seria capaz de trocar todas as brochuras de Perry Rodan pela capacidade de teletransportar-se uma única vez. Melhor: ele os trocaria, de boa vontade, por um guarda-chuva, eis que a garoa, que ainda resistia a completar o ambiente soturno da sua desventura, começou, finalmente, a cair.

Custaram-lhe vinte minutos para atingir a enorme entrada, onde duas gárgulas, encravadas no muro rochoso, o saudaram pouco amistosas.

A visão da propriedade não ajudou a confortá-lo. As trilhas que margeavam a grandiosa residência, atrás da qual despontava uma torre ainda mais alta, pareciam ter sido abertas por animais. Para ir do portão, previamente escancarado, até a porta gigantesca, fabricada em carvalho carcomido, atravessaria um matagal imenso. Não havia uma calçada para guiá-lo. No chão distinguiam-se, aqui e ali, os contornos baixos do que talvez tivessem, um dia, sido os limites de um jardim.

– Santo Deus! Seria impressionante encontrar um telefone lá dentro!

Pisando sobre as pedras que definiam os cercados das plantas, e assim, quase como a percorrer um labirinto sob a chuva, cada vez mais compacta, chegou, finalmente, à soleira, na entrada descomunal do castelo.

Postadas sobre duas colunas, uma em cada lado da porta, duas esfinges esculpidas em pedra observaram, com sua apatia estática, a chegada do intruso.

As portas, que não tinham fechaduras, estavam cerradas e ninguém acudiu às batidas de Simão. “Talvez por causa do barulho da chuva”, imaginou.

Empurrou-as timidamente e as fez ceder, sem dificuldade.

Gritou, mas não foi atendido.

Não havia luz no castelo, contudo, a réstia de sol permitiu divisar, em uma espécie de painel de bronze, uma tocha presa por armação em cuja base pendia um recipiente cheio de um óleo amarelado e espesso.

Tirando um isqueiro da pasta, cuidando para não encharcar os papéis, meteu fogo no óleo, que iluminou uma parte do grande salão. Acendeu a tocha.

Não gastou muito tempo para descobrir que sua presença, ali, era um fabuloso equívoco: os móveis, cobertos por panos que há muito deveriam ser brancos, não chegavam a contrastar com o piso, onde uma densa camada de poeira fornecia a tela para que os ratos nela gravassem os seus caminhos.

As paredes eram enfeitadas por dezenas de molduras de onde deveriam ter-lhes sido arrancadas as pinturas. Menos uma, na subida de uma escadaria.

Caminhou em direção da parede oposta, aproximando-se da obra de arte para mirar-lhe o conteúdo, curiosamente brilhante em relação às demais mobílias, de aparência ocre.

Foi andando e assimilando. Pouco a pouco. Repentinamente, ao compreender a cena estampada diante dos seus olhos, parou hirto.

Na tela, um distinto cavalheiro, empunhando uma tocha, estava a fitar um espelho. Atrás de si, refletidas, as imagens de duas gárgulas e duas esfinges, caminhando em sua direção.

Políticos e suas titicas...



Um trecho do Eixo Rodoviário Norte, de Brasília

Já viram um pequizeiro dando frutos?

Esse ainda é pequeno, mas já "respeita" a primavera.

Árvore típica do cerrado, predominante na região goiana, a coisa linda desta foto mora... na minha roça!
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Do meu celular.

Acordar, viver

Carlos Drummond de Andrade

Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.

Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?

Ninguém responde, a vida é pétrea.

As coisas que aparecem por aqui...


"Pele de Nus", de Paulo Virgílio
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Do meu celular.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Enfim... Então... Tipo...

Preciso renovar, saca? Coisa assim: parar de ser museu, se me entende! Enfim, até a exclamação é coisa do passado, mermão! Pronto, maracujei de novo... Ahn, quero dizer: dobrei o cabo da boa... boa... Uai! Moleque diz isso, cumpade?

Vamu cumeçá: tipo, tudo dentro, sacô? (dentro do quê, pelamordedeus?)

Esquece, esquece!

Não está mais aqui quem sonhou!

Cento e quantos dias?

Não importa! Temos chuva! Lá fora, o cheiro das primeiras gotas é perfume!

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Do meu celular.

A iniciação de Carlito (*)

(*) Conto escrito em 2007, em linguagem "de época": 1922 testemunha as desventuras de um aspirante a escritor, que é revelado em final surpreendente. Tudo invenção desta minha cachola, claro!


O ano era 1922. A cabeça de Carlito doía, pulsante, denunciando a rapidez descompassada dos batimentos cardíacos. Arfava muito, mas bem menos por causa da lesão, uma protuberância imensa que herdou de uma queda ainda mal compreendida. O sofrimento era de natureza íntima e começou antes mesmo de ser internado, inconsciente, com os cabelos empapados em sangue e terra.

Dona Zefinha, que o assistia no hospital, percebia tudo: os ais do corpo e os da alma, ainda que os pacientes nada falassem. Vestida num uniforme branco salpicado por tons multicores, provavelmente respingados das seringas, com seus conteúdos doloridos, a enfermeira aparentava um ar de alegria permanente. No apartamento 5 da Santa Casa, preparava com zelo os curativos e os medicamentos prescritos pelo doutor Severino. Nas trocas dos saquinhos de soro, que para Carlito poderiam ser menos frequentes, disparava a tagarelar.

– Vê as flores na cabeceira, querido? O dorminhoco não percebeu as visitas, não é? Pois estiveram aqui umas pessoas. O seu Raimundo e a dona Maria, sabe?  Trouxeram boas novas! Um tal de doutor Antônio está a vir para cá. Chegará à noite, não sei... Não faz mal! O importante é que você vai ser entrevistado hoje mesmo! É sobre uma promoção, não é meu bem? Pronto, está bom! Anime-se! Eu volto!

Como fizera o dia inteiro e desde que Carlito evoluíra do coma, Zefinha não esperou respostas. Cruzou cantarolante o recinto e o fechou batendo a porta atrás de si.

A indiscrição da matrona sorridente provocou-lhe uma fisgada nervosa que percorreu a espinha, desde embaixo, até findar com espasmos no pescoço, agora bem retesado por causa da notícia. Ondas de choque agitaram seus pensamentos, ainda pouco restabelecidos depois da surpresa de acordar sobre a maca, desajeitadamente inclinada –  para “facilitar a circulação”, repetia a Zefinha.

Um mês atrás, havia sido procurado pelo Antônio Maria Bueno,  em resposta à carta que lhe enviou, solicitando a avaliação do seu trabalho. Não se tratava de uma promoção, como intuiu a enfermeira, mas o encontro poderia acelerar os projetos do rapaz. Aos vinte anos, Carlito produzia escritos de estilo que despontava naqueles tempos e de que se tornou defensor. Ele mesmo admitia,  porém, a audácia do conteúdo.

Antônio Bueno, diretor-editor da “Globo e Letras”, era representante dos maiores  literatos brasileiros e abrigava, sob a sua “Casa de Papéis”, os mais importantes compêndios de escritores contemporâneos, além de deter os direitos de publicação da obra de Fernando Pessoa, António Alves Martins e muitos outros.

A resposta que enviou a Carlito chegou-lhe em papel lacrado com cera, em envelope de alta gramatura. Muito caro, decerto. As mãos trêmulas do jovem mal deram conta de abri-lo sem rasgar a própria carta:

“Meu senhor, escrevo-te pela intercessão do genial Manuel Bandeira, que teve a oportunidade de passar os olhos em folhetins com escritos teus. Confesso-te a surpresa do pedido, mais por causa de quem o formulou do que o que pude extrair da tua pena. Se conheces, como suponho, o nosso trabalho, entenderás como nos sentimos honrados pela preferência de autores com a envergadura do teu amigo, em cuja verve prezam o uso clássico do discurso, do vernáculo e da construção frasal.

Não terei, contudo, a ousadia de negar-te o pleito, porque não me apetece desagradar o ilustre cliente que está a recomendar-te. Rogo que aceites o convite para estares comigo no “Café Parnasiano”, às dezessete horas do dia quinze próximo, quando poderemos divagar sobre as tuas intenções para conosco. Sinceramente, Antônio Maria Bueno, ao teu dispor”.

À lembrança sucederam os arrepios. Como, então, que Manuel Bandeira houvera dele conhecimento e, não fosse o bastante, tivera dado a si o desconforto de suplicar em favor de tão modesta causa? Não fora a sua própria pena que redigira a carta e sua determinação que a fizera chegar ao pedante e influente editor?

Uma ponta de dor o fez levar a mão à cabeça coberta por faixas. Deu-se conta de que não havia repassado, ainda, os momentos que antecederam o estranho acidente.

O sol andava no rumo de deitar-se no dia 15 de agosto de 1922 e o relógio, sacado da algibeira, sentenciou um atraso embaraçoso. Estava a quinze minutos de apresentar-se no “Parnasiano”, distante cinco quarteirões dali, e mal se recompusera, física e mentalmente, de uma tarde estafante.

Meteu os papéis na pasta de couro com a sensação desconfortável de tê-los confundido. Para recuperar-se do apavoramento, obrigou-se a sentar por um minuto e refez, de maneira adequada, os preparativos para a reunião. Repetiu mentalmente a ordem de que não haveria de parecer tímido – por improvável quanto isso fosse – na presença do representante da Globo e Letras. Não permitiria, especialmente, ser alcançado por argumentos desabonadores à sua capacidade de dar vazão à escrita, oriundas dos turbilhões de sentimentos que invariavelmente o acudiam.

Fechou os olhos por um segundo e deixou que as imagens saltassem da memória: a infância na roça; o auto-exílio da companhia humana; o respeito pela natureza; o gosto pelos livros; a doença que o abateu na adolescência. E o prazer do sofrimento. O divertido e producente hábito de sofrer, que ainda cultiva; força que dá vida à mão que segura a pena e que o impede, por paradoxo, de querer deixar de sofrer!

Sentiu-se revigorado e então levantou. Correndo, atravessou os cômodos que o separavam da rua. Percorreu duas avenidas quase que sem perceber a rotina do mundo à volta. Na ladeira seguinte, vislumbrou o carro em aproximação. A contragosto, freiou o corpo para dar-lhe passagem, mas descobriu-se a lançar um voo inesperado na direção da carruagem.

Acordou na Santa Casa há dois dias com dores múltiplas, mas nenhuma tão acintosa quanto a que morava em sua cabeça, agora.

Se tivesse mais confiança em Deus – e no passado Deus soube quanto houvera n’Ele confiado –, seria capaz de atribuir o incidente à Providência divina, pronta para livrá-lo de caminhos ruins. Agora, seria, mais uma vez, o momento da Sua intervenção, já que o demônio o espreitava de novo, na máscara do vaidoso e limitado crítico da sua arte.

A porta abriu ruidosa, nem tanto por causa dela mesma. Era Zefinha, que viera roubar-lhe das recordações.

– Trago-lhe uma surpresa, Carlito!

Viu primeiro os sapatos brilhantes adentrando sem cerimônia. O paletó cortado sob medida teria custado mais que um ano inteiro da arrecadação de Carlito. O chapéu, fino e distinto, só vira iguais, até então, em películas importadas da Europa e que assistira uma ou duas vezes pela curiosidade de que logo se fartou.

O homenzinho de bigode bem tratado foi cordial.

– Pregou-nos uma peça e tanto, senhor Drummond! Estava a imaginar o que diria ao Bandeira se não te visse de olhos abertos!

Um silêncio muito grande encheu as faces dos homens. Poder-se-ia imaginar que a conversa terminara antes que houvesse um início. Carlito contorceu-se para melhor encarar o outro. Franziu o cenho numa evidente demonstração de dor, que poderia passar como consequência do gesto, mas na verdade a dor estava na alma. Mediu as palavras e as disse:

– Peço-lhe que desculpe a inconveniência do meu infortúnio, senhor Antônio. Suplico-lhe, também, que não considere mais as minhas intenções. Sou-lhe grato pela distinção, mas provarei os meus próprios caminhos.

A incredulidade estampada na face do Antônio foi substituída por um largo sorriso – Carlos o traduziu como manifestação de alívio. A partir daquele momento, já não ouvia conscientemente as vozes da sala, porque um delírio, certamente produzido pelo remédio de Zefinha, começara a minar-lhe a consciência. Recordara depois, vagamente, da pergunta do homem: “que mal houvera caído sobre ti, afinal, que te fez prostrar-te deste modo, senhor?” Zefinha, percebendo o transe que abateu Carlito, respondeu com palavras que representavam a literalidade dos fatos mas que, para ele mesmo, significaram, profundamente, o que vivera naqueles últimos dias:

– O doutor não soube? Foi tombo! No meio do caminho tinha uma pedra!

Silêncio!

Palavras, palavras,

Quando irão me faltar?

Se me deixam, sossego,

Não firo, não grito,

Desapego,

Nas horas de apenas sossegar!

Calem-se em mim, meus demônios

Aflitos,

Permitam-me apenas o rito

De, suave e pacificamente,

Sonhar!

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Do meu celular.

Setor de Autarquias Sul

Onde fica uma parte considerável dos "cabides" de emprego do Governo Federal.

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Do meu celular.

Esta já foi...

... a principal rodoviária de Brasília. Fica plantada no centro do "avião", entre as "asas" sul e norte.

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Do meu celular.

Dentista,hoje:

Carro estacionado. À espera do ônibus.
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Do meu celular.

O início do dia é uma espera...

... pelo momento de começá-lo de verdade.

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Do meu celular.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Poemas da Amiga

Mário de Andrade

I

A tarde se deitava nos meus olhos
E a fuga da hora me entregava abril,
Um sabor familiar de até-logo criava
Um ar, e, não sei porque, te percebi.

Voltei-me em flor. Mas era apenas tua lembrança.
Estavas longe, doce amiga; e só vi no perfil da cidade
O arcanjo forte do arranha-céu cor de rosa,
Mexendo asas azuis dentro da tarde.

Raciocinando sobre a miséria

Não tenho idéia de se o senhor Luiz é mesmo um deficiente mental. Não me parece. Acredito, mais, que seja uma desculpa como a dos tantos miseráveis com que topamos a cada passo. Não importa! Olhe os olhos desse homem! Você é capaz de julgá-lo? Eu não sou!

Não me entendam mal, não é preciso que acompanhem os meus instintos! Queria, aliás, que houvesse, mesmo, um argumento para dizer que estou errado!

Existem muitos, especialmente os governos, que afirmam que não devemos ceder à comiseração. Por quê? Será que um governo que dá "peixes", sem esperar retorno na forma de aprendizado cívico para a meta da dignidade, é capaz de acolher todos os que sofrem, hoje? E se alguém morrer de fome porque não lhe oferecemos alguns "pingados" com pães e margarina?

Eu paguei pela pose do senhor Luiz, pelo "trabalho" dele, na frente da minha câmera! Uma coisa para se dar para pessoas assim é um "kit tralha" com um manualzinho bem simples de entender: "aprenda a pescar, em poucas lições"!

Vamos começar a brincadeira!

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Do meu celular.

Previsão de "trovoadas" no meu dia

Esse é um dia que me complicará: estou aproveitando uma espécie de "recesso branco" para, num revezamento, cuidar de minhas coisas, à tarde. Calhou de ser hoje o início de vários fóruns do meu curso. Coincidiu, também, de ser um daqueles dias em que tenho milhares de coisas pessoais para fazer (já tentei dividir as tarefas com quem deveria me ajudar, mas essa é uma luta de décadas!). Pois hoje, exatamente hoje, meu chefe me apresentará dois novos brinquedos seus para que eu configure e, provavelmente, escreva um manual rápido para seu consumo: um BlackBerry 9700 e um iPad 3G novinhos, trazidos dos "Esteites". "Coisa boba", pensam, quando me "oferecem" o encargo. Só eu sei!

Coisas como olhar para o próprio umbigo



Já há alguns dias. Antes das seis horas de uma manhã de trabalho, deparei com essa manifestação. Existe uma vila perto de onde moro. Estamos, todos às margens do Parque Nacional de Brasília, área protegida, em que as limitações de urbanização são mais que necessárias: são desejadas! Quem se estabelece, ali, sabe, com antecedência, que mesmo para asfaltar uma pista interna é necessária licença ambiental, coisa que dificilmente acontece.

Pois os imbecis que fecharam essa rodovia, a DF-001, chamada "Contorno", prejudicaram toda uma comunidade para exigir exatamente isso! Eles não apenas nos impediram de seguir nossos rumos: eles nos agrediram, literalmente, com palavras duras e mesmo com ação física. Fiz questão de registar uma ocorrência na delegacia, quando pude. A manifestação durou toda a manhã daquele dia.

Enquanto aguardo a abertura da portaria

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Do meu celular.

O mormaço que cobre o sol...

... prenuncia os efeitos aguardados da primavera.
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Do meu celular.

Lá na frente vejo...

... portas preguiçosamente trancadas. Minha sina das segundas-feiras.
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Do meu celular.

domingo, 26 de setembro de 2010

Constatação

Ainda ando às turras com a Reforma Ortográfica, mas estou-me esforçando.

Mãos

Mãos delicadas, que beijo com tanto prazer,
que esquentam as minhas próprias,
suadas de frio,
de timidez.
Pousam em meu rosto e novamente me arrepio,
mãos, tão doces, tão sensíveis,
deixam-se sentir, sem magoar.
Conto seus dedos para apenas ter motivo
para segurá-las,
acariciá-las.
Mãos que me proporcionam um deleite inconfessável,
pelo perfume que deixam em meu rosto,
pelo significado que têm para a minha razão,
razão devotada ao sentimento, hoje. Só hoje!
Deito minhas próprias mãos, duras, em seus cabelos sedosos,
deslizando-as pelo pescoço e encontrando seus brincos,
com que brinco, afagando a ponta das suas orelhas.
Minhas mãos, que agora veem seu rosto,
seus olhos a mirar os meus,
suas mãos em meu rosto em resposta.
Puxamo-nos, pelas mãos envoltas num abraço, para
o beijo que não poderia escapar de momento tão íntimo.

Mais sobre mim

O primeiro curso a que me devotei, na mesma Universidade Católica de Brasília, pelos idos de 1993, foi o Bacharelado em Ciências da Computação, que faltou muito pouco para ser concluído. Depois, rendi-me ao sonho antigo de pensar nas letras, num curso à distância, em faculdade de Presidente Prudente. Em seguida, dando sequência ao dom da informática, parei na tecnologia de redes de computação: Fajesu, é o nome do lugar.

Infelizmente, não tive forças para vencer nenhum desses desafios. Agora, luto para dar sequência ao curso de Filosofia, que, percebi, combina muito com minha existência atual.

Se vou terminar esse, não sei: sou imprevisível! Contudo, há coisas em mim que estão diferentes de antes e a imprevisibilidade, talvez, esteja mais limitada ao humor que aos ideais.

Uma das vantagens de morar na roça

O coco é produção aqui de casa.

"Civilização"

Às margens do Parque Nacional de Brasîlia.

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Do meu celular.

O conceito de diversão dos descerebrados

sábado, 25 de setembro de 2010

Aprendizado do fim do dia

Existe um tipo de pensamento profundo, especial, originado de um cérebro privilegiado: o "cérebro de bíceps"! Para entender, nele, seus raciocínios, para desvendar-lhe os segredos, só existe uma fórmula, necessária e incondicional: a bomba! Tome a bomba e vá ao nirvana, tudo lhe será revelado! Até que a morte por overdose ou por efeito colateral o alcance...

Um poste abatido

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Do meu celular.

Como diriam os abobalhados daqui...

CARACA! Tem quem traz filhos bebês para o bacanal!
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Do meu celular.

Já houve até briga neste inferno!

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Do meu celular.

O ambiente

Sorte que o "som" (balbúrdia) que me endoida, aqui, morrerá aqui, comigo: são dois ambientes: os dois tocando, ao mesmo tempo, sertanejos irreproduzíveis!

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Do meu celular.

Bordel moderno

Bares, música sertaneja, motel e o mais rasteiro tipo de seres pensantes.

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Do meu celular.

Foi-se o dia: fui-me!

Assisti dois filmes seguidos na TV por assinatura. Dois enredos bem diferentes um do outro. Gostei de ambos.

No primeiro, os "mocinhos" precisaram encontrar um assassino que transmitia seus crimes pela internet. Encarei esse por causa dos artifícios de tecnologia usados tanto para matar quanto para procurar o matador. Só isso. Muito artificial, mas  a ficção me atrai.

O segundo, um filme de época, retratou o período em que os franceses dominaram a Indochina. Muito Kung Fu, demais pro meu gosto, mas o heroísmo foi tratado com uma sensibilidade e uma delicadeza impossíveis de negar.

Eis que o "saco" encheu e eu não aguento mais televisão, nem computador. Nem casa, aliás (caverna?). O eremita vai "assuntar" a vida dos outros, na futilidade das suas "performances": verdadeiros desfiles de egos superestimados, regados a álcool, sexo e drogas. Eu, não: sou apenas um observador!

Menino melancia

Algumas pessoas dizem que ganhei na loteria, por motivos que admito, mais de uma vez. Esses, quero que saibam, aproveitando o "rodopiar" de que me sirvo, que, junto com meus "prêmios", aceitei maldições que me assombram, diariamente.

Dark label

Hoje eu cessei as doses gigantescas de suco de laranja e me permiti provar um destilado. Coisa rara, porque  entendo as consequências do gesto com antecipação.

-- Foda-se!

Ando precisando, mesmo, tergiversar, não sobre as diletâncias das palavras com que me deito e sonho, mas sobre as práticas de uma vida insossa, que precisa, urgentemente, transitar!

Eis-me aqui, sentado, sozinho, desde sei-lá-quanto-tempo, absorvendo as culpas que me são imputadas pelo mundo -- o mundo meu, claro! Culpa porra nenhuma!

Eu sou um cara com quem gentes pensantes se dão muito bem! Vá lá, tem uns e outros que merecem um belo soco no nariz, mas nunca levo as rixas para "finalmentes" diferentes de que apenas as palavras podem cuidar.

Minha companhia, neste sábado, é um delicado rodopiar, suficiente para permitir-me dizer "caralho" como interjeição, sem ficar vermelho de vergonha, diante de mais um caso inusitado de catarse autoinflingida.

Yo soy el que soy y no quiero, pero tengo un placer para mí: If I want, I do, I do not ask if I do, I assume wanting.

Resoluções

Para não desperdiçar mais de duas décadas da minha vida, senti-me obrigado a dar um ultimato, hoje. O que resultar desse diálogo definirá as próximas décadas da minha vida -- ou morte!

Heroínas utilitárias

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Do meu celular.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

"HOMENS, SANTOS E DESERTORES"

De Mário Bortolotto. Estréia hoje, em São Paulo. Cogitei prestigiar, mas fui desmotivado pelas... "conveniências"!

Se você gosta de teatro, eu recomendo sem conhecer:

Atire no Dramaturgo

Apenas para referência, mórbida, por sinal, o Mário foi aquele de quem muito se falou no final do ano passado, por causa de uma atitude heróica que quase o matou:

Reportagem da época

Obrigado!

Outro dia, tive dúvidas se participaria do período de provas do meu curso. Como não pude estudar convenientemente, porque achei que minha memória andava prejudicada pelo "coquetel" de remédios que venho tomando, optei, inicialmente, por deixar o encargo para a "recuperação", no final do semestre, que tem caráter acumulativo, ou seja: situação muito pior! Declarei isso publicamente nos fóruns da Universidade.

Algumas pessoas vieram em meu socorro, com argumentos que não pude contestar. Sou-lhes grato! Sou-lhes muito, muito agradecido: no último minuto, abandonei a condição cataléptica e, mesmo que tenha passado pelas avaliações como quem "passa" pela vida, consegui: alcancei as médias para atravessar o semestre sem precisar, sequer, submeter-me a qualquer outra avaliação!

Eu me subestimo, mas estou aprendendo rápido!

ADENDO (24/9, 18h20): eis uma prova de que uma pessoa com "ares" de aborrecimento, permanentes, pode contar com gentes de quem às vezes suspeita! Essa constatação foi muito proveitosa, hoje!

ADENDO 2 (8/10, 2h34): enganei-me! Preciso de MUITA nota, ainda!

Você odeia tudo e todos?

(participação minha AQUI)


Odiar a sociedade transforma uma pessoa em um sociopata, não em um misantropo. Por outro lado, há quem não seja nem uma coisa nem outra e vive a confundir o efeito dos hormônios e a timidez excessiva com um estado de espírito permanente. 

É verdade, eu não odeio a sociedade, nem odeio, tampouco, o ser humano. Contudo, existe uma regra e minha vida racional tem-se limitado a encontrar excessões para ela: é impossível negar a hipocrisia! Ainda que em graus muito variados, todos nós a adulamos, narcisisticamente, e nos arrependemos disso. Do contrário, seríamos perfeitos! Somos nós, misantropos, seres perfeitos?

Mais uma vez, concordo que o mundo que nos cerca, aquele mais próximo, transforma-nos em pessoas tendentes à decepção, à amargura, ao ceticismo. Infelizmente, não há libertação para as responsabilidades que nos propomos, a não ser com um prejuízo pessoal muito grande. Sendo assim, quando afirmo que tenho características misantropas, o que desejo com isso é descobrir quem, sendo parecido comigo, tente minimizar em sua vida aquilo que reprova nos outros. Tal como luto para fazê-lo. Esses merecem ser vistos e ouvidos mais de uma vez.

Orkut tardio

Aderi, apenas, para lidar com as comunidades de "iguais". São as garrafas, com meus bilhetes, que continuo a lançar ao mar!

Meu perfil.

A chuva parece iminente...

Enquanto isso...
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Do meu celular.

Universidade Católica de Brasília

Bloco "M" do campus
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Do meu celular.

Nostalgia

Morei nos arredores desse lugar pela metade da minha vida. Aqui era caminho para ir à escola, à feira, à igreja, ao cinema...

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Do meu celular.

Renovando

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Do meu celular.

Uni-duni-tê!

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Do meu celular.

...

Ontem eu estava no caminho para sair de Brasília e desisti. Estou exausto! É estranho cansar-se tanto apenas porque se pensa demais! Por que se "sente" demais.

Antigamente, quando ainda não me havia entregado à rotina sedentária, eram os músculos que ditavam a letargia, depois de longas caminhadas de bicicleta. Sinto falta de colocar a "magrela" nas ruas!

As ruas... É hora de dar conta do meu mundo prático. Aos leões, pois!

...

Permiti-me acordar para o almoço. Há muito não o fazia. Há muito de diferente para fazer daqui por diante.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"O que é a misantropia para você"?

(de um fórum sobre o assunto, no Orkut)

Minha resposta:

É preciso explicar estados de espírito? É óbvio que, tratando-se de conceito, cada um vai adaptá-lo ao seu próprio jeito de ser e vai sustentar opiniões personalíssimas. Por que não fazemos um inventário das nossas características mais comuns e discutimos essa compilação?

Eu, por exemplo, levanto a questão do alheamento à hipocrisia. Há uma validade em sua existência, mas, também, uma implicação séria: a maioria de nós, que nos armamos de espadas contra ela, somos, necessariamente, hipócritas em algum sentido.

Eu tenho dificuldades em admitir para minha família que prefiro ficar sozinho, às vezes. Tenho medo de magoá-los. Afinal, a misantropia não pode abrir mão do racionalismo, nem tem por obrigação a insensibilidade, sob pena de transformar-se em movimento esquizofrênico, odioso, sem sustentação.

Como lidar com o cônjuge e os filhos diante da constatação de que se prefere ser um eremita? Como lidar com o cônjuge, principalmente, quando se constata que há uma total incompatibilidade entre nossos jeitos e que, num mundo perfeito, ambos concordariam com isso e iriam tocar a própria vida?

Obscuridades

Há mais verdade na observação do desinteresse do que na manifestação dele. Contudo, uma revelação forçada pode induzir a erro quem procura as respostas.

Deve-se considerar impedido de julgar, seja lá o que for, a respeito do que for, aquele que vive em função do que espera que seja dito.

Obscuridades para serem desconstruídas, a depender das chaves, nas mãos de quem estão.


Tá tudo errado!
Tá tudo errado!
Desorientado, cego, por enquanto,
eu vou ficando aqui parado!


(Sílvio Brito, Raul Seixas, "Pare o Mundo que eu Quero Descer")

Nunca me canso disso!

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Do meu celular.

À vida.

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Do meu celular.

À vida!

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Do meu celular.

Para exorcizar os meus "demônios"...

... um brinde à vida!

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Do meu celular.

O tempo

(revisado em 23/9, às 15h7)


O tempo é, com certeza, apenas um detalhe na maior parte das minhas experiências. Ele ratifica, dia após dia, a natureza permanente do meu aprendizado.

A contemplação da natureza humana traz-me elementos novos, assiduamente, de uma forma que eu, mesmo achando que sei muito sobre ela, vivo sobressaltado.

Está por conta do tempo, também, o momento em que minhas próprias forças -- minha falta de forças -- há de guiar-me para a desistência de resistir.

Por enquanto, cedo à decepção de constatar que vivo espiritualmente sozinho e que parece não haver remédio para qualquer tentativa de mudar isso, a não ser mentir, morrer ou mudar os meus paradigmas.
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Do meu celular.

Uma rotina normal

Afinal, preciso sobreviver.
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Do meu celular.

Esses ipês que há por aqui...

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Do meu celular.

Quem disse que o projeto de Lúcio Costa é perfeito?

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Do meu celular.

Declaração de voto

Farei este ano o que jamais fiz na minha vida: deixar de votar, deliberadamente. Contudo, um nome se firmou em minha intenção, e se não o fiz antes, vou declará-lo na forma da resposta de uma candidata à argumentação sobre a sua "fragilidade": de Marina Silva a Dom Moacyr Grechi, Arcebispo de Porto Velho. O texto foi extraído do blog da candidata:


Ao amado Dom Moacyr

Li na Folha (22/5) sua afirmação de que sou frágil e não tenho perfil para a Presidência da República. No início, fiquei triste. Já tinha ouvido algo parecido do senhor, de forma carinhosa, mas ler assim como está no jornal tem outro peso. Refletindo mais, reconciliei-me com sua mensagem.

Quando ando por aí, muitos me dizem que minha luta é de Davi contra Golias. Então vamos conversar sobre passagens bíblicas, que conhecemos bem. Elas se completam e iluminam o que quero dizer. Quando Saul terminava seu reinado, Deus mandou o sacerdote e profeta Samuel ungir novo rei entre os muitos filhos de Jessé. O profeta procurou entre os mais belos, os mais fortes e os mais habilidosos, mas Deus descartou todos. Jessé lembrou então de Davi, o seu filho mais novo, que pastoreava ovelhas. O profeta o achou muito fraquinho, meio esquisito. Mas Deus ordenou que o ungisse rei dos israelitas, porque olhava para o seu coração, e não para a sua aparência.
Foi assim que Davi foi escolhido para ser rei. E logo provou seu valor ao enfrentar Golias, o gigante filisteu, guerreiro acostumado a usar escudo, capacete e armadura e a manejar a espada. O jovem Davi, aparentemente fraco e sem muito preparo para aquele tipo de duelo, ganhou a luta porque não tentou usar a armadura de Saul, que lhe fora ofertada e nem lhe cabia direito. Usou sua própria arma, a funda, e ali colocou a pedra para jogá-la no lugar certo, na testa do gigante.
Assim como o senhor, dom Moacyr, Samuel era homem corajoso, temente a Deus, preparado para o sacerdócio desde um ano de idade. O senhor é muito importante na minha vida, da mesma forma que Samuel foi na vida de Davi. E está me vendo com olhos cuidadosos, preocupados com circunstâncias que talvez me causem sofrimento.
Mas, como sabe por experiência própria, não podemos ficar presos às circunstâncias. Quando o senhor chegou ao Acre, aos 36, enfrentou os poderosos e ficou do lado de Chico Mendes e de todos os que eram aparentemente fracos e despreparados para enfrentar os gigantes das motosserras. Como me ensinou, não me intimido com as circunstâncias e procuro me encontrar com o que está no coração de homens e mulheres sinceros, que, como o senhor, buscam fazer o melhor, apesar das dificuldades e riscos.
Aprendi com o senhor boa parte dos valores que me guiam, entre eles não vergar a coluna às pressões dos interesses espúrios.
Por favor, meu amado irmão, não me diga agora que esses valores não servem para governar o Brasil e me fragilizam. Tranquilize-se: eles são e continuarão sendo a minha força e a minha funda diante dos desafios, qualquer que seja o tamanho deles.


Marina Silva

Sobre mim

  1. Não me olhe de cima para baixo: não me interessa o que você pensa sobre como me visto.
  2. Não espere, também, que eu diga para você: "que camisa bacana, cara", ou "linda bolsa, dona Carlota"!
  3. Eu não me importo se você está coerente com a moda. A coerência que me interessa em você não é material.
  4. Se quiser me agradar, dê-me um livro.
  5. Se quiser me desagradar, tente ser agradável.
  6. O jeito mais direto para fazer-me desinteressar pelo que você diz é falar sobre os outros. Mais diretamente: fofocar!
  7. Por outro lado, tente conversar sobre qualquer coisa que implique a troca de sensibilidades ou argumentações: serei ouvinte interessado.
  8. Não sei o que é novela. Não tenho idéia do que é "Big Brother", exceto o de Orwell. "Funk", para mim, é um jeito errado de se dizer "punk". Não assisto o "Fantástico".
  9. Odeio notícias ruins! Tenho pavor especial pelas que trazem crianças como protagonistas!
  10. Se me vir com o semblante ruim, evite perguntar se está "tudo bem".
  11. Quando, por outro lado, eu parecer que estou bem, cale o instinto de congratular-se comigo.
  12. Eu me comunico muito bem através das empatias. Isso não significa que alguma coisa precise ser dita.
  13. Se eu quiser saber sobre você é porque me sinto íntimo. Se você não tiver certeza disso, por favor, não me conte sobre a sua vida.
  14. Eu sei o que significa um segredo. Não quero saber de nenhum, a não ser de quem precisa contar para mim o seu próprio.
  15. Se eu escutar um segredo seu é porque o estimo.
  16. Se eu me permitir ouvir um segredo seu, morrerei com ele.
  17. Se eu morrer tendo preservado a sua confiança, seremos amigos eternos, mesmo que você se esqueça de mim.

A caminho do céu

Como bons amigos (*)

Claufe Rodrigues
(Baby The Billy)

Nada
como bons amigos
ouvindo boa música
tomando um bom trago e se divertindo a valer.
Nada como você em minhas teclas dúbias.
Atrás de você existe um mistério
e atrás do mistério existe você.
Nada como ter bons amigos
para te esquecer.

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(*) visto no blog do Mário Bortolotto. Ainda estou procurando os bons amigos, a boa música, pensando de que trago devo me servir e que tipo de diversão há de me parar. Estou consciente, apenas, do que devo esquecer.

Dizer "amor", palavra proibida

-- Eu amo você!

Com que se parece uma declaração assim? Eu perguntaria, primeiro, de quem ela vem e para quem é dirigida. Acho que é preciso saber, principalmente, um pouco sobre a pessoa que dispara frases como essa, às vezes com aparência descontextualizada.

Por que devem existir contextos para declarar amor a uma pessoa? Porque, se não houver um motivo bom, suficiente, interpretações equivocadas são servidas como sobremesa! Não estou teorizando: é experiência própria!

Parte da minha vida, em família, foi um aprendizado sobre as manifestações do amor fraternal. Acho que ainda me lembro dos meus pais sussurarem em meu ouvido, à noite, eu meio em transe, quase dormindo: "amo você, meu filho"! Eu aprendi a ser assim! Eu exagero essa lição. Não há um dia em que eu não faça o mesmo com meus três filhos e minha esposa.

Surpresa! É, eu tenho uma família só minha, não disse antes? Sei que não! Mas isso é assunto para divagar sem pressa, porque há muito para ser dito.

Lembro-me, triste, de um episódio que aconteceu na minha infância: participava da catequese para a Primeira Comunhão e havia lá um colega que sempre puxava assunto comigo. Marco, era o nome dele. Bem, eu não era exatamente um garoto com quem os outros conversavam, então achei o Marco o melhor cara do mundo. Passei a gostar dele, naturalmente. Depois, perdemos contato.

No ano seguinte, para minha surpresa, acho que isso foi na quinta-série do primeiro grau (coisa que nem existe mais), descobri que o "amigo" Marco seria da minha turma. Fiquei tão feliz que o sufoquei: abracei-o, sentei-me ao seu lado e acho, até, que sapequei um "eu te amo" para demonstrar a minha felicidade de ver um rosto sensível no meio da minha selva particular.

Durou nem uma semana: um dia, Marco simplesmente havia se transferido para outra turma e sequer me conhecia mais! Que será que pensou ele de mim? Até hoje me envorgonha lembrar isso!

De vez em quando, encontro pessoas para quem gostaria de manifestar a enormidade do meu contentamento -- tão raro!. Eu o fiz recentemente para uma moça que, imagino, temos muito em comum. Quero dizer, tenho certeza disso. Infelizmente, meu mundo não é o ideal e as consequências do gesto tiveram o pior fim possível.

Estou condenado a amar, sempre, apenas as mesmas pessoas.

No meio do caminho

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Do meu celular.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ouvindo...

... Zé Ramalho: "Deixe a porta aberta quando for saindo. Você vai chorando e eu fico sorrindo"...


"Baby, baby, baby"!
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Do meu celular.

Porquês

O tempo foi apenas um detalhe. Assumir este estado de espírito aconteceu naturalmente, num processo lento, reflexivo. Foi anunciado. Foi verbalizado. Nem os que achavam que me conheciam chegaram a acreditar nos tons de sinceridade. Parecia loucura ou extravagância, atitudes que sempre confundiram os interlocutores na avaliação das minhas esquisitices.

Talvez seja por esquisitice e também por extravagância que me ponho a tagarelar sobre isso. Não há por que um misantropo ser falastrão. Há? Quem sabe para encontrar quem o compreenda? É uma boa justificativa! Pensaria alguém que sinto prazer em ser como sou? Que a reserva que me imponho traz um tipo diferente de felicidade e que, por isso, deve ser respeitada? Ridículo!

Comparo-me a um pescador, que sabe da existência de um peixe raro no mar e que não descobriu, ainda, a isca apropriada para resgatá-lo. Péssima comparação, acrescento, pois não pretendo "consumir" os meus alvos, não quero prendê-los num aquário, quero sequer que eles gostem de mim, mas que dialoguem comigo! Que materializem seus pensamentos sem hipocrisia, ainda que julguem, por fraqueza da alma como a sociedade a molda, que isso iria me ferir.

O que maltrata não é a franqueza. O constrangimento vem do silêncio, do potencial de construção de verdades alternativas, o potencial desaproveitado. O rancor antecipado pelo julgamento que fazemos todos nós, misantropos, da impotência do espírito humano. A raiva, às vezes, até, de sermos inflexíveis, se existe a escolha de aparentar "normalidade".

Ponho, então, essa rede no mar. Lanço minhas garrafas desta ilha. Subo a colina e despejo os envelopes para que a brisa os leve.


Canção do vento e da minha vida


Manuel Bandeira
(de Estrela da Manhã, em Antologia Poética, org. Emmanuel de Moraes, José Olympio Editora, Rio, 1986)

O vento varria as folhas,
o vento varria os frutos,
o vento varria as flores...

E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
o vento varria as músicas,
o vento varria os aromas...

E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
e varria as amizades...
o vento varria as mulheres.

E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
e varria os teus sorrisos...
o vento varria tudo!

E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de tudo.

História sem pé nem cabeça

De Carlos Palla
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Do meu celular.

Renascer

Foi-se a hora e me pôs
de lado,
num dado momento em que virei
menino.
Trouxe a pipa, o peão e o
dado,
em troco de amores, sentimento e
tino.
Troquei por figurinhas que colei no
álbum,
as que sobraram eu botei no
muro.
Foi-se a hora e transformou meu
mundo,
fez-me crer de novo em
desatino,
fez-me ser bem mais do que
maduro,
ou vil ou cético
ou mesmo envelhecido.

É fera, devora!

Alceu Valença

Transe

Daqui a muitos dias, muitos, muitos dias,
talvez eu descubra quem me procurou naquele sonho.
Hoje, eu só quero pensar que fui eu mesmo.
Só hoje!
Eu vim, puxei-me pela própria mão e saí voando!
Éramos apenas os dois: eu e eu mesmo, olhando para o mundo, ali,
ali, tão lá embaixo!
Nem me ocorreu que estivéramos sem capa!
(como pode um super homem voar sem capa?)

Na volta ao mundo, que fizemos no espaço de um sonho,
parei sobre um edifício de cor escura,
espelhado, imponente, exalando uma formalidade descabida
para um sentimento que habita lá embaixo.
Alguém, ali, não combina com isso, pensei!
Tentei pousar, mas a mão que me segurava estancou,
frustrou as intenções inocentes,
tão inocentes quanto a visão que tive.
Vi-me tentando libertar-me de mim mesmo,
esmurrei-me, gritei tão alto que acordei.

Na conta dos transes desfeitos,
somo esse.
Tudo se esfacela quando parece que descobrimos um porto bom!
Tudo se perde e se reverte em mágoas,
quando não há mais o que fazer, porque não é permitido
ou porque não se deseja suficientemente.

Em mim, há rios subterrâneos prontos para revelarem-se.
Suponho que eles se mostrarão,
de forma inesperada e potente,
quando o próximo sonho calhar de me levar
para lá,
para sobre o mesmo porto que esconde a outra metade de mim.

A hora do cansaço

Carlos Drummond de Andrade
1984 - Corpo

As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.


Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.


Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nós cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.


Do sonho de eterno fica esse gosto ocre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

Constatação dolorosa

As pessoas, principalmente as mais próximas, estão acusando uma alteração em meu comportamento. Elas estão certas. Houve uma fratura em minha vida, esses dias. Houve um deslumbramento efêmero, de que não dou mais conta. Descobri que existem mais portas do que imaginava e passei a usar algumas delas para fugir de tudo. Não consigo mais ceder às amarras que apartam meus sonhos. Tudo está de cabeça para baixo!

Se eu tivesse coragem... Não! Reformulo: se eu fosse menos racional, largaria tudo, agora, para viver como um eremita! Acho que, sozinho, "me viro" muito melhor!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Incidental

Alguma coisa acontece no meu coração.
A razão se esfacela e a fé é em vão.
Foi quando eu sonhei que estava ali
Na mesa de um bar da esquina famosa,
Os ébrios cantando uma lástima para suas musas.
Tentei grudar meus pés na calçada, ali!
Tentei me postar de joelhos e não mais sair!
Então, uma voz sussurrou: não há mais resposta,
a luz que me guia me leva pra outras esquinas!
E o sonho se foi, se perdeu, se tornou mais cruel que a minha paixão.
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Do meu celular.

Funil suburbano

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Do meu celular.

Nonsense

Mr. Misamburguer!
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Do meu celular.