terça-feira, 16 de novembro de 2010

Museu de Arte de São Paulo

Uma colega muito querida esteve no Masp, esse fim de semana. Escreveu-me assim:
"Estive neste último findi em Sampa e fui a uma exposição no MASP, que adorei e acho que tem tudo a ver com algumas fotos suas que eu já vi...

Na entrada da exposição tinha um texto muuuuuuuuuuuuito legal, que eu transcrevo para você. Como eu não pude fotografar o texto, tive que copiar em pé, em um guardanapo de papel. Eu curti e gostaria de compartilhar com vc... Boa leitura".
Amei a lembrança e adorei, também, a programação, que já incluí no meu próximo roteiro, em Sampa.

O texto de Tim Wenders, autor das fotografias da exposição:
Quando se viaja muito, e quando você ama simplesmente passear e se perder, pode acabar nos lugares mais estranhos.

Tenho uma atração enorme por lugares. É quase como um vício. Outras pessoas são viciadas em drogas ou futebol (eu também...), ou dinheiro ou carros ou sucesso ou qualquer coisa.

Eu gosto de lugares. Fico tão ligado a eles que sinto saudade de uma dúzia de lugares ao mesmo tempo como se fossem a minha casa. O que será que os lugares têm?

Em primeiro lugar, fico muito curioso com eles. É só olhar para um mapa que fico animado com nomes de montanhas, vilarejos, rios, lagos ou formações de terra, desde que eu não os conheça e nunca tenha visitado o lugar. Leio os nomes e imediatamente quero ver estes lugares.

É a mesma coisa com cidades! Os nomes de bairros, praças, ruas ou prédios evocam um desejo ardente de vê-los.

Claro que nem sempre gosto do que descubro. Mas muitas vezes gosto. Será que é sorte? Aprendi através de uma longa experiência de procurar por lugares que se tem a tendência de encontrar exatamente aquilo que você quer encontrar.

Outras pessoas encontram coisas fascinantes também, claro, mas me parece que elas tem resultados diferentes dos meus. Elas têm uma mentalidade diferente, pra começar, e estão procurando por outros encontros. Pessoalmente, pareço ter aprimorado minha noção de lugar para coisas que estão “fora de lugar”. Todo o mundo vira a esquerda, porque “ali é interessante”, eu “viro à direita”, onde não tem nada e com certeza estou de frente com o “meu tipo de lugar”. Não sei, devo ter algum radar dentro de mim que geralmente me guia a lugares que são estranhamente quietos ou quietamente estranhos.

Fico ali sem acreditar bem no que vejo... Essa é a minha sensação predileta.

Talvez você comece a entender de onde vem meu apetite insaciável por lugares que não conheço: Vem do fato de que lá fora no mundo existem os lugares e pontos e espaços mais impressionantes que você nunca poderia imaginar nos seus sonhos, em cores e formas desconhecidas, com detalhes mais loucos, em constelações impossíveis.

Por isso é que eu não dou a mínima para nenhuma dessas imagens computadorizadas, pois em todas elas, hoje em dia, o mundo é representado artificialmente, juntado, manipulado, inventado ou composto para criar uma “nova realidade”. O que tem de tão bom nisso?!

A realidade que encontro lá fora, de vez em quando, esses lugares estranhos e quietos são muito mais atraentes na minha opinião, e muito mais emocionais, pela simples razão de que existem. Na maioria do tempo humildemente, às vezes com orgulho, geralmente esquecidos e poucas vezes famosos.

Não existe algo mais lindo debaixo do céu de Deus do que a incrível, alucinatória infinita variedade de lugares que realmente existem.

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