(*) Escrito em 10/9/2008
Abri a porta medroso, arfando. Os resquícios da festa, espalhados no salão, dizem que ela foi bem frequentada. Restos de caviar, displicentemente esquecidos pelos comensais, e os salpicados de champanha que dão cor às cortinas, didáticos, instruem o intruso no reconhecimento das celebridades recém-saídas. O ar, esse mesmo em que agora me insiro, impregnado pelos aromas de perfumes caros e nomes difíceis, testemunhou a glória e a perdição do evento magistral. Como um rato a servir-se das sobras, regozijo meus instintos com a apreciação do espaço que é momentaneamente meu. Eu sou o rei da decadência, monarca do efêmero e sob meus pés jaz a lembrança dos nobres que vomitaram, como também o fazem os plebeus, os mesmos restos de palavras e versos diversos.
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